O impacto dos investimentos da China na África e América Latina
A professora de Ciência Política Benedicte Bull apontou as principais consequências da atuação chinesa nos países em desenvolvimento no seminário “The Rise of China and the Development of State Capacity in Africa and Latin America”.
No dia 28 de novembro, 2017, o BRICS Policy Center realizou o seminário “The Rise of China and the Development of State Capacity in Africa and Latin America”, apresentado pela Prof. Benedicte Bull (University of Oslo) . A discussão foi baseada no artigo homônimo produzido pela Prof. ª Bull e pelo Prof. Dan Banik (University of Oslo). O seminário contou com a participação da Prof.ª Claudia Fuentes (IRI/PUC-RIO e GSUM) como mediadora.
Benedicte Bull é professora de Ciência Política e diretora do Norwegian Latin America Research Network, tendo escrito uma quantidade expressiva de livros sobre a região, especialmente sobre políticas ambientais, desenvolvimento e desenvolvimento sustentável. O artigo que deu nome ao seminário, segundo ela, é uma exploração inicial que levará a uma pesquisa mais profunda sobre o engajamento da China em países em desenvolvimento, bem como os impactos que esse engajamento causa nas capacidades estatais.
O seminário apresentou o debate polarizado existente sobre os impactos da intervenção chinesa no desenvolvimento de países na América Latina e África. Por um lado, argumenta-se que a China se aproveita e se apropria dos bens materiais dos locais aonde vai, o que se assemelharia a uma nova forma de colonialismo. Além disso, essa exploração estaria fadando esses países em desenvolvimento a um papel de produtores de commodities. Outros fatores levantados são as possíveis ameaças à democracia nos países com presença chinesa, a não adesão da China ao Acordo de Paris de 2005 e a influência do país nas instituições de desenvolvimento globais.
Por outro lado, o alto número de investimentos da China no exterior tornou-a um dos doadores mais importantes no cenário mundial, principalmente para certos países do continente africano. Ademais, os chineses argumentam que sua cooperação ajuda na fomentação da paz mundial. Por não ser considerada uma superpotência, a ajuda oferecida seria uma forma de estabelecer a China como um país moderadamente bem sucedido, e sua política de não intervenção preveniria possíveis transtornos causados por sua presença.
A influência da China no fortalecimento de capacidade estatal (state capacity) só seria possível, contudo, dependendo da visão das elites locais sobre esse fortalecimento. Por ser um conceito relacional, a capacidade estatal estaria atrelada à interação estratégica entre esses dois grupos (China e elites locais) para que ela de fato ocorresse.
Você pode acessar o vídeo do evento aqui (em breve).