Novo Banco de Desenvolvimento: rádio Sputnik entrevista Maria Elena Rodriguez

Em entrevista à rádio Sputnik, Maria Elena Rodriguez, professora e pesquisadora do BRICS Policy Center, conversou um pouco a respeito da linha de crédito de 500 milhões de dólares que o Novo Banco de Desenvolvimento, denominação oficial do banco dos BRICS, concedeu ao Brasil para projetos de tratamento de lixo. Leia o bate-papo abaixo:

Repórter – Professora, como analisa a concessão do empréstimo de 500 milhões de dólares ao Brasil pelo novo banco de desenvolvimento?

Maria Elena – Bom, eu acho que é uma boa notícia. Na verdade, o Brasil está esperando faz muito tempo o investimento do Banco de Desenvolvimento. E eu acho que o banco tem uma política bastante importante para empréstimos em investimento sustentável.

Repórter – É uma das determinações do banco de conceder linha de crédito para projetos sustentáveis.

Maria Elena – Exatamente.  Então, o Brasil estava desde muito tempo esperando esses investimentos por parte do Banco de Desenvolvimento que, na verdade, são de centralidade no Brasil, então é um passo importante. E, sobretudo, para um tema que é fundamental para o país como é o caso do tratamento do lixo. Então, eu acho que é uma concretização de programas de empréstimo que já estavam programados há muito tempo. Não é uma iniciativa nova, é uma iniciativa que tem 1 ou 2 anos e conta com uma programação de desembolso, na qual o Brasil já estava nessa lista de desembolso.

Repórter – Professora, Maria Elena Rodrigues, em que outros projetos do Brasil o Novo Banco de Desenvolvimento, que é a denominação oficial do banco dos BRICS, poderia investir seus recursos creditícios?

Maria Elena – Bom, entre o Banco e o Brasil foram feitas várias propostas de investimentos, sobretudo, em energia, como energia solar e a energia eólica. E isso são propostas que vem de alguns anos atrás e que o banco agora está fazendo. E esses desembolsos, esses empréstimos não são só para o Brasil, você tem uma lista de desembolsos grande para Índia, África do Sul, também foi feito para Rússia, sobretudo nesses temas. A energia tem sido um setor bastante importante de investimentos desse novo  banco de desenvolvimento. Eu acho que para o Brasil é bastante importante. Logicamente, e eu queria aqui ressaltar um elemento, de que nisso de se financiar projetos sustentáveis, é importante ressaltar a sustentabilidade. A sustentabilidade é uma realidade, e é uma realidade que a gente tem que ter muito claro o que significa realmente ser sustentável. É importante que tenha as salvaguardas ambientais, que tenha respeito às comunidades e populações, que tenha respeito às norma aplicadas. E isso é bem importante. Então eu acho que o Brasil deveria muito ganhar a partir do desembolso com essa restrição especifica paro o tema de sustentabilidade.

Repórter – Professora, quais critérios o novo bando de desenvolvimento utiliza para concessão das linhas de crédito?

Maria Elena – Bom são, basicamente são linhas contempladas. Geralmente se fazem propostas, entre essas linhas de sustentabilidade, o banco analisa tais propostas, obviamente, e depois define o desembolso dos empréstimos. Até pouco tempo o Brasil não tinha muita linha de credito.Por exemplo, a Índia tinha bastante linha de credito, a África do Sul tinha bastante linha de credito.

Eu acho que o Brasil agora está num momento bastante importante de obter esses créditos e esses empréstimos. Então, a partir disso, o banco tem uma analise rigorosa dos projetos das iniciativas, sobretudo no que inclui os temas de sustentabilidade. E a ideia é justamente que o banco é bastante flexível… mas uma das vantagens do Novo Banco de Desenvolvimento é ter um critério claro para os temas ambientais, ele tem uma linha sustentável, ele tem uma linha clara de energia limpa, ele prega pela mudança, a mudança ambiental e, sobretudo, trazendo uma iniciativa e um incentivo para que os países dos BRICS comecem toda uma mudança mais sustentável devido aos investimentos em infraestrutura.

Repórter – Professora, para concluir nossa entrevista: na sua opinião, o novo banco de desenvolvimento poderá no futuro atingir as mesmas dimensões dos grandes organismos financeiros internacionais?

Maria Elena – Bom… eu acho que isso vai demorar um pouco, porque o banco ainda está consolidando o seu capital. Acho que ainda não pode competir muito com o Banco Mundial nem com outros bancos que tenham uma consolidação de capital já fortalecida há uns 20, 30 anos. Nós temos um banco pequeno, com capital pequeno, mas com toda uma tentativa de aumentar e ter uma presença maior, sobretudo nos países dos BRICS. Então acredito que os países tenham uma grande expectativa, mas é um processo que vai demorar ainda um pouco.

Repórter – Perfeito. Professora Maria Elena Rodrigues, muito obrigada por essa entrevista à rádio Sputnik, felicidades para a senhora e em breve voltaremos a procura-la para novas conversas em nosso programa.

Maria Elena – Tá bom, fico à disposição! Muito obrigada e boa tarde para todos.

 

Confira abaixo o áudio completo da entrevista: