Especialistas discutem a influência da China na América Latina e apresentam a plataforma “Painel China”
A expansão dos laços econômicos chineses com a América Latina, em decorrência do enorme crescimento econômico experimentado pelo país, tem se tornado um importante tema de debate entre academia, governo e sociedade civil. Por conta disso, o BRICS Policy Center organizou, no último dia 06 de novembro, o Workshop “China na América Latina: mapeando projetos, impactos e perspectivas”, que reuniu importantes especialistas da área para debater as nuances dessas relações cada vez mais estreitas entre os países latino-americanos e a China.
Na ocasião, os convidados tiveram a oportunidade de discutir, a partir de um amplo debate, as implicações da relevância chinesa para a ordem internacional, para as relações com a América Latina e, mais especificamente, para as relações com o Brasil. Na primeira mesa, esteve presente a Cônsul-Geral adjunta da China no Rio de Janeiro, Chen Xiaoling, que destacou o rápido desenvolvimento da China nos últimos 70 anos, que envolveu uma melhora significativa da qualidade de vida da população, e como a abertura comercial ocorrida em 1978 foi de grande relevância para o crescimento econômico do país.
Ainda na primeira mesa, Paulo Esteves defendeu que vem ocorrendo mudanças fundamentais no sistema internacional a partir do início dos anos 2000, em função do desenvolvimento da China e o consequente processo de estabelecimento de uma ordem internacional com características chinesas. Já para Luis Fernandes, nos últimos trinta anos, observa-se um período de transição no sistema internacional de erosão do poder relativo das potências dominantes do Século XX ao passo que há a ascensão de polos mais dinâmicos na antiga periferia do sistema (multipolarização), com destaque para a China.
Javier Vadell (PUC-Minas) abordou mais especificamente o crescimento das relações comerciais entre a China e a América Latina no século XX, enfatizando os processos de integrações regionais como, por exemplo, a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e o dilema de cooperação para o desenvolvimento em contraposição a novas formas de dependência. Alguns fatores nessa expansão chinesa são importantes para futuras agendas de pesquisa tal qual a recuperação dos princípios de Coperação Sul-Sul (CSS) como não intervenção e não condicionalidade, abrindo a possibilidade de um novo regime de ajuda e cooperação para o desenvolvimento, apontou Vadell.
Posteriormente, Tulio Cariello, do Conselho Empresarial Brasil China, apresentou uma pesquisa da organização acerca dos investimentos chineses no Brasil. A pesquisa, que abrange os anos de 2007 a 2018, comporta diversos aspectos dos investimentos, como quantidade de projetos, valor investido, setor de incidência e outros. Em seguida a professora Maria Elena Rodriguez discutiu uma série de questões pertinentes às relações sino-brasileiras, suas questões e configurações atuais, inclusive com outros países e governos.
Lançamento do Painel China
Ao final do workshop, os professores Paulo Esteves e Maria Elena Rodriguez apresentaram o lançamento do Painel China, plataforma produzida pelo BRICS Policy Center, que reúne e sistematiza investimentos chineses no Brasil e os fluxos comerciais entre China e países da América do Sul, além de possuir um radar que mapeia a presença chinesa nos fluxos dos países elencados.
O painel está disponível ao público na página do BPC. Para acessá-lo, clique aqui.