AGENDA DA ONU DE 2030: SOCIEDADE BRASILEIRA E INICIATIVAS NÃO-GOVERNAMENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
No dia 29 de agosto de 2016, a fellow do BRICS Policy Center, Daniela Guzmán Peña, ministrou o colóquio “UN 2030 Agenda: Brazilian society and non-governmental initiatives for sustainable development”. O período de Daniela no BPC se deu através da parceria com o Centro Rio+ do PNUD.
A Srta. Daniela debateu o tema da contribuição da sociedade civil para a conquista dos dezessete objetivos descritos na Agenda de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Sua pesquisa sugere, ainda, que uma abordagem que não se restrinja às estruturas oficiais governamentais pode contribuir para o sucesso a longo prazo da Agenda 2030 no Brasil.
A rodada de comentários posterior à apresentação trouxe diversas considerações específicas sobre a interação existente entre o setor não-governamental e o governo no Brasil, indicando áreas de interação com comprovado êxito na experiência brasileira. (Os comentários da comunidade acadêmica em relação à pesquisa preliminar da palestrante servirão para informar a continuidade da pesquisa em questão, que resultará em um Policy Brief, a ser divulgado em breve).
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) consistem em objeto de grande interesse para o BRICS Policy Center, uma vez que orientam o esforço conjunto da comunidade global em termos de desenvolvimento. Diversas iniciativas do Centro têm se baseado na Agenda 2030.
Confira, ainda, a entrevista que realizamos com a Fellow Daniel Peña , sobre o seu período no BPC e sobre sua pesquisa acerca do papel da Sociedade Civil para o Desenvolvimento.
Leia a entrevista abaixo:
Pode nos dar uma pequena biografia da sua vida acadêmica e profissional?
Meu nome é Daniela Guzmán Peña e sou de Bogotá, na Colômbia. Faço mestrado na School of International and Public Affairs da Columbia University. Sou formada em jornalismo pela University of Florida e cobria temas sobre anti-corrupção, anti-lavagem de dinheiro, segurança cibernética e crimes financeiros. Isso criou um questionamento sobre como as desigualdades permitiam a ocorrência desses crimes, o que me fez entrar na área acadêmica. Pelo fato de me reconhecer como Latino-americana, tenho grande interesse pela região e agora estou de volta ao Brasil realizando um trabalho com foco em Desenvolvimento Sustentável no Centro Rio+, organização criada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Meu interesse pelo Rio, especificamente, surgiu com a realização de um curso no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional promovido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Você participou da Escola de Inverno do GSUM. Você viu relação entre temas abordados e a sua pesquisa?
O GSUM tem um grande foco em mediação e em como ela pode ajudar na resolução de conflitos. Além disso, tenho grande interesse em entender como a mediação pode ajudar no Desenvolvimento Sustentável. A Escola de Inverno me deu a oportunidade de conhecer mais a fundo, por exemplo, a relação entre o desarmamento e a mediação, como a mediação e a participação de uma terceira parte pode ajudar a resolver situações que a principio parecem insolúveis. Também tivemos a oportunidade de ir além da teoria e conhecer casos concretos em que a mediação ajudou. A participação do ex-presidente do meu país (Ernesto Samper, ex-Presidente da Colômbia que realizou o discurso de abertura da Escola de Inverno) e ouvir sobre o processo de paz na Colômbia foi muito interessante e fico agradecida pela oportunidade.
Você pode explicar um pouco sobre o Rio+ e sobre seu trabalho no Centro?
O PNUD é um braço da ONU com mais de cem escritórios ao redor do mundo. O Centro Rio+ é do PNUD, focado no Desenvolvimento Sustentável e é único porque é um dos seis centros temáticos criados pela ONU. O foco do Centro é realizar pesquisas e parcerias com diferentes organizações, no nível municipal, estadual e federal para tentar promover, a partir de iniciativas locais, a agenda da ONU 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. É interessante perceber como o Centro Rio+ trabalha num nível local sobre uma agenda que é global
Meu trabalho no Centro é justamente pesquisar e produzir conteúdo sobre essas iniciativas e seus resultados para mostrar como os objetivos da ONU 2030 (combate a fome e pobreza, mudança climática, e igualdade de gênero) estão acontecendo aqui. É uma função menos acadêmica e mais jornalística. Um exemplo dessas iniciativas é o programa Jovem Jornalista com jovens da Zona Norte do Rio e da Baixada Fluminense onde eles coletam notícias e publicam em um blog.
Quais semelhanças você enxerga entre essa linha de pesquisa do Rio+ e o BPC? Como essas duas instituições se aproximam?
Meu trabalho como jornalista abriu portas para ver quais iniciativas no Rio trabalham de acordo com esses objetivos e com o apoio do BPC isso vai se tornar uma pesquisa acadêmica, um Policy Brief focado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para ver como o Rio promove essa agenda no nível local, ou seja, ideias que vêm de baixo para cima. Esse Policy Brief fará parte da Plataforma Socioambiental.