O Brasil e a África francófona: Oportunidades e Desafios
Os esforços diplomáticos feitos pelo Brasil para com a África na última década concentraram-se principalmente nos países de língua portuguesa, mas representam a importância que o continente tem na política externa da 9ª economia mundial. A conexão entre Brasil e África vai além de novos mercados, taxas de crescimento acentuadas e abundantes matérias-primas, mas baseia-se em raízes históricas e culturais, uma vez que o Atlântico Sul compartilha uma longa história cultural e multifacetada de migração, comércio e segurança.
O Brasil tem importantes laços históricos e culturais com a parte francófona do continente, de onde foram enviados escravos para as costas brasileiras (do Dahomey). A África francófona não é um grupo homogêneo de países, mas compartilha a mesma moeda (o franco CFA), a mesma língua e, em certa medida, as mesmas relações incômodas com seu antigo poder colonial, a França. Nessa perspectiva, o papel do Brasil como país progressista do Sul Global confere a esses países um poder emergente e um novo parceiro potencial que leva em conta seus interesses.
O objetivo deste BPC Paper é examinar como a África francófona atualmente percebe as ambições do Brasil à luz das relações econômicas, políticas e diplomáticas atuais e passadas. Identifica as oportunidades que as duas contrapartes representam umas para as outras. O paper analisa a história compartilhada da África francófona e do Brasil, da ofensiva de Lula sobre a África às iniciativas de Rousseff, mas também um olhar histórico sobre a emigração de afro-brasileiros de volta ao Dahomey e outros países da África Ocidental. Aborda interesses geopolíticos e oportunidades comuns ao Brasil e à África francófona, e como a cooperação Sul-Sul é construída para defender os interesses de ambas as partes. Destaca também a deterioração da relação entre a França e a África francófona, para dar ao leitor uma percepção dos espaços de abertura e das convulsões do sistema denominado “Françafrique”. Finalmente, analisa o potencial econômico da África francófona como um todo e como o Brasil está se aproveitando (ou não) do espaço criado pela retirada constante da França e até que ponto o Brasil está competindo com os BRICS.
Este BPC Paper é fruto da parceria do BRICS Policy Center com o Instituto Igarapé
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