Dossiê: A Fome na Agenda Nacional e Internacional do Brasil
Ao assumir a presidência do G20, o governo brasileiro estabeleceu como prioridades de sua liderança no grupo o avanço em três agendas: redução da fome, desigualdade e pobreza; combate às mudanças climáticas e transições energéticas; e reforma da governança global. As três prioridades são relevantes para a política nacional tanto no que concerne a necessidade de transformações sociais no Brasil, quanto no sentido de que oferecem um mapa, por assim dizer, da renovada atuação do Brasil no cenário internacional. Nesse sentido, indicam a capacidade do país de recuperar sua liderança em algumas pautas, como a do combate à fome e à pobreza, e de através delas, oferecer ao mundo a cara de uma política externa novamente engajada com pautas multilaterais, progressistas e de garantia de direitos.
Na agenda de combate à fome, principalmente, o Brasil fazia história até alguns anos atrás, exportando modelos de política públicas, mas vivemos retrocessos recentemente, voltando para o Mapa da Fome, em 2022. No momento em que o Brasil volta ao centro do palco, usando o momentum gerado pela presidência do G20 para o pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, é importante lembrar as boas práticas, mas também nos certificarmos de que a agenda seja sim politizada. Em 2024, estamos falando de 735 milhões de pessoas em situação de fome crônica no mundo. No Brasil, Josué de Castro já alertava para a natureza política da fome há quase 100 anos.
Nos artigos que se seguem neste dossiê, tratamos do histórico de combate à fome e à pobreza no Brasil; falamos da conjuntura dessas questões sociais em alguns países BRICS; olhamos para projetos de Cooperação Sul-Sul nessas agendas; e analisamos o caso trágico de fome agravado pelo conflito em Gaza, iniciado em 2023.
O dossiê foi organizado pela Prof. Isabel Rocha de Siqueira, diretora do Instituto de Relações Internacional (IRI)/PUC-Rio. Colaboraram estudantes e egresso do Programa de Pós-Graduação Acadêmico; egressa de nosso mestrado profissional (MAPI); e estudantes da Graduação que participam da Iniciação Científica do IRI.