Desafios dos BRICS e a presidência brasileira do bloco

Passados 16 anos de formação do BRICS, este artigo propõe uma análise histórica da constituição e consolidação do bloco, com foco nos principais desafios enfrentados pela atual presidência brasileira. Argumenta-se que, em sua fase inicial, o grupo adotou uma agenda reformista, voltada à ampliação da representatividade e da influência dos países do Sul Global nas instituições multilaterais existentes, sem buscar confrontá-las diretamente. Contudo, essa agenda reformista perdeu fôlego à medida que as tensões geopolíticas se intensificaram. Atualmente, mais de 20 países manifestaram interesse formal em aderir ao agrupamento. Nesse novo contexto, elementos como o acirramento da rivalidade entre Estados Unidos e China, a anexação da Crimeia e a posterior invasão da Ucrânia pela Rússia, o debate sobre alternativas monetárias ao dólar norte-americano e a ampliação do bloco com países regionalmente estratégicos, têm contribuído para a reconfiguração do BRICS como uma coalizão com crescente caráter geopolítico. Com o objetivo de oferecer uma compreensão holística do agrupamento, o artigo propõe uma metodologia analítica baseada em três dimensões: (i) a perspectiva geopolítica e de disputa interestatal; (ii) uma abordagem voltada à análise das relações de cooperação e das assimetrias intra-BRICS; e (iii) a investigação dos conflitos e disputas nos territórios onde megaprojetos são implementados, considerando as dinâmicas de poder entre países e regiões do Sul Global. Por fim, o artigo discute os principais avanços e desafios enfrentados pelo BRICS nos últimos três anos, destacando seus desdobramentos sobre a presidência brasileira em curso.

 

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