Mega-Barragens na Amazônia Brasileira: rumo a um paradigma socioeconômico verde, inclusivo e sustentável?
Nas últimas décadas, sobretudo no contexto da recente crise econômica, o cenário da economia mundial tem sido alterada diante do aumento do poder econômico e político de países em desenvolvimento, especialmente dos BRICS. A recente crise, no entanto, não deve ser entendida apenas em suas dimensões econômica e financeira, mas também em sua dimensão sócio-ambiental. O sistema econômico existente com base na exploração implacável dos recursos naturais parece ter ultrapassado os limites de resistência do planeta. Diante isso, é urgente e necessário questionar as bases do nosso atual sistema de produção e buscar iniciativas econômicas e sociais inovadoras que visem estabelecer novos padrões de desenvolvimento que sejam simultaneamente sustentáveis e inclusivos. À luz do aumento do poder econômico e de barganha dos países BRICS na arena internacional, este Policy Brief argumenta que os BRICS têm a capacidade de liderar este processo de mudança e que o Brasil, em particular, deve desempenhar um papel de liderança nesta transformação sócio-econômica.
Entretanto, em suas estratégias de promoção do crescimento econômico, o Brasil e os demais países BRICS têm desempenhado um papel ativo na degradação do meio ambiente, sobretudo através da implementação de mega-projetos de desenvolvimento que, em geral, estão longe de ser sustentáveis e inclusivos. Dentre tais projetos, destacam-se as construções de mega-barragens na Amazônia brasileira, cujos efeitos deletérios implicam sérios riscos sócio-ambientais à Bacia Amazônica. Este Policy Brief tem como objetivo analisar os benefícios e malefícios deste tipo de projeto. Argumenta-se que, no longo prazo, o Brasil deve tentar recuperar a sua liderança ambiental no nível mundial através da adoção e implementação gradual de uma nova abordagem de desenvolvimento para a Amazônia. Tal abordagem deve basear-se, sobretudo, em projetos de desenvolvimento locais e de pequena escala. A reorientação da política brasileira para a Amazônia poderá então orientar o desenvolvimento de práticas semelhantes nos demais países do grupo BRICS e outros países emergentes e, finalmente, poderá levar a um paradigma efetivamente “verde”, sustentável e inclusivo no nível global.
Disponível somente em inglês.