No dia 02 de outubro de 2014, o professor Daniel Maurício de Aragão, da Universidade Federal da Bahia, apresentou o colóquio “Empresas dos BRICS no Pacto Global da ONU”. Inicialmente, o professor expôs os pressupostos analíticos da pesquisa que remete às conclusões de sua tese doutoral sobre como as empresas se utilizam da iniciativa de responsabilidade social corporativa do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), com seu enfoque flexível, de adesão voluntária e de auto monitoramento, como instrumento de legitimação da globalização do capital centrada nas empresas como atores essenciais nas agendas sociais, de desenvolvimento e de direitos humanos. Tal enfoque reforça as parcerias público-privadas nos âmbitos local, nacional e global e, ainda, esvazia alternativas possíveis de normas obrigatórias para as empresas em direitos humanos.
Depois de um breve resgate histórico sobre o tratamento da agenda de empresas e direitos humanos na ONU, da década de 1960 aos dias atuais, o professor destacou os resultados da atual etapa de sua pesquisa com foco específico na atuação das empresas mais relevantes dos países BRICS (Brasil Rússia, Índia, China, África do Sul) no Pacto Global. Com dados de composição do Conselho do Pacto Global e das Comunicações de Progresso enviadas pelas empresas dos BRICS ao Pacto, o palestrante ressaltou o caráter de legitimação recíproca entre empresas e ONU ao se engajarem em tal iniciativa e enfatizou as particularidades do perfil de engajamento de cada um dos países, observando, por exemplo, o peso das empresas estatais na China e a tradução do Pacto Global para um instrumento com perfil mais nacional na Rússia, entre outras análises.
Daniel Maurício de Aragão é Professor Adjunto da Universidade Federal da Bahia, onde coordena o Mestrado acadêmico em Relações Internacionais. Doutor em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). tem interesse e desenvolve pesquisas em estudos críticos da globalização e da governança global, direitos humanos, atores não-estatais e cooperação internacional para o desenvolvimento.