Aproveitando a oportunidade criada pelo Centro de Estudos e Pesquisas BRICS no Rio de Janeiro, o SSC Project apoiou, no último dia 4 de setembro, a organização de um Colóquio com o diretor do Centro de Excelência contra a Fome, Daniel Balaban. O Colóquio, intitulado “Cooperação Triangular do Brasil para o Desenvolvimento: O Caso do Centro de Excelência contra a Fome”, teve o privilégio de receber um grupo de ouvintes diverso, desde representantes de ONGs, como a Médico Sem Fronteiras e ActionAid, até representantes governamentais, como profissionais da Embaixada do Reino Unido no Rio, que contribuíram para o debate acerca da Cooperação Sul-Sul praticada pelo Brasil.
De acordo com Balaban, atualmente o Brasil se encontra em uma posição interessante no cenário internacional. Tendo sido receptor de cooperação por anos, atualmente passa a ser ator importante no campo da cooperação entre países em desenvolvimento. Eloquente e encantado, Balaban defende que “a vontade de cooperar não pode ser atrelada ao governo, mas sim ao povo” e é isso que faz com que muitos países fiquem admirados com os programas sociais brasileiros, principalmente com o programa de alimentação escolar. Na visão do diretor, o Brasil possui um dos melhores programas de alimentação escolar do mundo, sendo 70% dessa alimentação advinda de agricultores familiares. Segundo Balaban, esse é um dos principais atrativos para que outros países busquem a ajuda brasileira, principalmente países africanos.
O principal mote para a criação do Centro de Excelência contra a Fome foi a crescente demanda de países em desenvolvimento para conhecer e avançar no Programa de alimentação escolar executado pelo Brasil. Segundo ele, o Centro começou com o desenvolvimento de programas alimentares, e hoje tem uma visão mais ampla com base em politicas sociais.
O palestrante concluiu, portanto, que a política brasileira deveria dar mais importância à cooperação internacional, já que cada vez mais se constitui como um país de alto nível na cooperação Sul-Sul. Para ele, a sociedade civil, independente de seus governos, deveria se conscientizar e se articular, gerando maior relevância ao tema, inserindo-se na construção dessa agenda internacional.
Economista e mestre em relações internacionais, é funcionário de carreira do Ministério da Fazenda, atuou ao longo de dez anos nas áreas financeira e de planejamento. Foi Assessor na Presidência da República, onde ajudou na criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. De 2006 a 2011, foi presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), período no qual contribuiu para a criação da lei da alimentação escolar, que determina a destinação de no mínimo 30% das verbas da alimentação escolar para a aquisição de produtos da agricultura familiar. Desde 2011, é diretor do Centro de Excelência contra a Fome, do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas – PMA. O Centro de Excelência contra a Fome é uma parceria entre o PMA e o governo brasileiro que visa apoiar países em desenvolvimento na criação de programas de combate à fome e à pobreza.