Pequenas notas de uma viagem inusitada
O BRICS Policy Center foi convidado pela CNEI – associação de organizações para o intercambio internacional – a visitar China e participar de um diálogo com universidades e thinks tanks sobre desenvolvimento na China.
Depois de 25 horas de viagem chegamos a uma Beijing ensolarada e vibrante, ainda com vestígios da visita do presidente Lula no ar, na televisão e nos jornais.
Representantes de 10 países, 15 organizações e universidades nos encontramos com professores, membros do ministério de relações exteriores e thinks tanks chinesas para nos apresentar seus conceitos de desenvolvimento, modernização e como o direito ao desenvolvimento deve ser concebido tanto interna como internacionalmente.
A discussão esta baseada na “Iniciativa de Desenvolvimento Global” lançada pelo presidente Xi Jinping em 2021 na busca de construir um desenvolvimento global coordenado e inclusivo especialmente depois dos impactos da COVID-19.
Ele propôs que o mundo colocasse o desenvolvimento acima de tudo na agenda de macropolítica global, criar maior sinergia entre os processos multilaterais de cooperação para o desenvolvimento e acelerar a implementação da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável.
O conceito de desenvolvimento para China, enfatiza uma abordagem centrada nas pessoas para melhorar a sua qualidade de vida, com inovação, tecnologia e harmonia entre os homens e a natureza.
Esta discussão é também o ponto de partida para entender o conceito da “prosperidade comum”, tema central hoje em toda a China e que esta no discurso de todos e todas as pessoas que temos encontrado…e nos imensos cartazes que aparecem em alguns prédios públicos.
Desde o ponto de vista interno uma preocupação crescente é a desigualdade e qual a melhor maneira de enfrentá-lo.
A prosperidade comum se tornou um dos conceitos, ele vincula a prosperidade comum ao aumento da renda dos grupos mais pobres, e a um fomento do desenvolvimento regional mais equilibrado. Este é um compromisso de e para todos os chineses, e a formulação de políticas e medidas para melhorar o sistema de distribuição de riqueza e reduzir a diferença de renda entre diferentes regiões e grupos marcam a modernização socialista da China.
Há um consenso de que a reforma econômica trouxe benefícios inegáveis, melhorando o nível de vida nas últimas quatro décadas de uma forma sem precedentes. O fato mais repetido é que de 2012 a 2020, a China tirou 98,99 milhões de pessoas do campo da pobreza. No entanto, apesar do crescimento, o país vive um aumento da desigualdade de renda onde a distribuição da estrutura de classe social esta na forma de uma pirâmide. A palavra de ordem é o equilibro social, parece que chegou a hora de ajustar a diferença entre ricos e pobres.