BPC recebe professor Manuel Gándara Carballido para debater a situação política venezuelana e suas narrativas
A complexa situação na qual a Venezuela se encontra foi tema do debate organizado pelo BRICS Policy Center, no dia 10 de junho de 2019, ministrado por Manuel Gándara Carballido, venezuelano e professor visitante da UFRJ. No evento, intitulado “Venezuela em Disputa”, o professor ofereceu uma breve leitura histórica sobre o tradicional modelo político bipartidista e rentista, sobre a ascensão do chavismo e a posterior transição de governo para o atual presidente Nicolás Maduro.
A partir desse contexto, Carballido iniciou um debate mais específico sobre os contornos da situação de crise que a Venezuela vem enfrentando há mais de quatro anos e as possíveis perspectivas para o futuro.
Com a eleição de Hugo Chávez em 1998, representando o grupo político Movimento V Republica (MVR), a situação da Venezuela muda significativamente. Ele chega ao poder com a promessa de romper com a velha política, de mudar o modelo econômico apostando na diversifição industrial, mas especialmente de melhorar as condições de vida atacando os altos índices de pobreza e desigualdade.
Nesse sentido, Carballido Chávez apontou que se inicia um processo político onde deu representatividade ampla a população e reconhecimento aos sujeitos populares enquanto sujeitos políticos. Isso implicou grandemente, segundo o professor, no amplo apoio ao governo chavista e a continuidade na posterior eleição de Nicolás Maduro, que prometia manter e aprofundar as políticas e práticas que vinham sendo empregadas pelo governo até então.
Além disso, o professor discutiu, posteriormente, a atual situação de crise na Venezuela e quais seriam as possíveis alternativas para a superação desse processo.
A crise vem se agravando paulatinamente nos últimos anos e hoje atinge dramaticamente todos os aspectos da vida da nação: degradação dos serviços públicos, colapso da indústria petroleira, a hiperinflação, o aumento vertiginoso da pobreza, a migração de milhares de pessoas, altos índices de violência dentre outros fatores. Segundo ele, por agora não há uma saída clara, uma vez que não há nenhuma expectativa de mediação e diálogo entre os dois setores que hoje se enfrentam no país, representados nos nomes de Nicolás Maduro e Juan Guaidó. De toda maneira, a saída deve ser pacífica constitucional e deve restituir a soberania do povo venezuelano.