A organização e realização destes Diálogos foram parte de um esforço inicial de mapeamento de redes, perspectivas e projetos que buscam metodologias transformadoras da violência, somando-se um conjunto de iniciativas de pessoas pesquisadoras e instituições aqui integradas no âmbito da Unidade do Sul Global para Mediação (GSUM), do Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (IRI/PUC-Rio), e de universidades e organizações parceiras, especialmente nos eixos urbanos e de direitos humanos. Além disso, a organização destes diálogos se conecta a uma crescente demanda pela sistematização de abordagens artístico-culturais transversais.

Na confluência do urbano, territorial e artístico-cultural, tem emergido uma discussão que se dá internacionalmente para pensar essas questões de forma localizada em contextos diferenciados de conflitos armados, entendendo as cidades como pontos de acesso multiescalar às realidades locais e cotidianas. Esse projeto coletivo em andamento pretende contribuir para esta discussão por meio de propostas de cartografar os territórios da violência e metodologias assim situadas. Atenta ao registro histórico e sociológico específico da realidade brasileira, busca-se localizar e visibilizar práticas capazes de reorientar o debate e incidir sobre políticas públicas no contexto de um estado, como o Rio de Janeiro, de declarada e permanente crise de segurança pública.

A publicação visa contribuir para a integração teórica-metodológica entre o campo de estudos de Resolução e Transformação de Conflitos e metodologias com base nas artes, pouco desenvolvida num enquadramento focado em práticas de intervenção internacional em países do Sul Global, a partir de atores do Norte Global. Nesse sentido, o Sul Global tem se configurado mais como estudo de caso ou laboratório de experimentação, do que mobilizado em processos de produção de conhecimento e expertise na área. Esse projeto objetiva recentrar o campo e estender criticamente o seu arcabouço teórico-metodológico e prático a partir da América Latina, dando centralidade às periferias urbanas onde a maioria das disputas multiescalares e de violência armada tendem a se concentrar.

Os encontros, gravados e disponibilizados online no canal do IRI e disponíveis aqui, reuniram pessoas pesquisadoras e artistas do Brasil e de outros países, majoritariamente do Sul Global, e promoveram discussões sobre o papel de práticas artístico-culturais na transformação da violência e na construção de imaginários e percursos alternativos.