A Cooperação Sino-Africana: tendências e impactos para a Ajuda Oficial ao Desenvolvimento

A presença chinesa na África tem, desde o século passado, promovido projetos na área de infra-estrutura, recursos naturais, agricultura e indústria têxtil. De fato, desde a Guerra Fria, podemos registrar a presença chinesa na África, embora naquele período suas ações obedecessem à motivações estritamente políticas. Sob a lógica do mundo bipolar, a ação chinesa na África se concentrava na sustentação de movimentos de libertação nacional. Àquela época, a ideia de “terceiro mundo” era, então, apresentada como uma alternativa às duas super potências, a fim de aproximar os países não alinhados. Em 1955, foi realizada a Conferência de Bandung  quando se firmaram tratados de comércio com países norte africanos e, vínculos com alguns movimentos anti-coloniais da África Meridional. Nos anos 1960, após a revolução Cultural, China e União Soviética passaram a disputar a influência sobre o continente africano.

Na década seguinte, a partir da exploração da imagem de país intermediário, a China iniciou uma política externa com ênfase desenvolvimentista. Embora ao longo da década de 1980, diante de problemas econômicos, a China tenha sido obrigada a diminuir sua presença na África, após a Guerra Fria, o país retomou seu interesse no continente africano. Nesse momento, o viés ideológico das relações sino-africanas foi substituído pela ênfase econômica. Ao adotar um modelo desenvolvimentista caracterizado pela não intervenção política e pela defesa da autonomia estatal, a China inaugurou um novo padrão de relacionamento com países africanos. Desde o início da última década os fluxos de capitais chineses para a África cresceram exponencialmente, tanto em termos de Investimento Direto Externo, quanto em termos de Ajuda Oficial ao Desenvolvimento.

A institucionalização dessas relações foi marcada, em 2000, pela inauguração do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) com sua primeira reunião ministerial em Pequim e, em 2003, paralelamente à segunda reunião ministerial na Etiópia, a primeira Conferência Econômica China-África. Em 2006, ocorreram, em Pequim, a Cúpula de Cooperação China-África, a terceira reunião ministerial do FOCAC e a criação do Fundo de desenvolvimento China-África. A partir desse quadro histórico, esse Policy Brief procura analisar as relações sino-africanas enfatizando suas principais tendências, e seus possíveis impactos para as práticas da ajuda ao desenvolvimento em geral e da cooperação técnica em particular.

 

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